quarta-feira, 19 de junho de 2024

Dia do Cinema Brasileiro: lembranças do coração da Amazônia

Em quase 50 anos de história, caberiam infindáveis memórias para registrar mais um dia do cinema brasileiro, celebrado em 19 de junho.

Este ano escolhemos esta foto, que é bem representativa da viagem mais recente do Núcleo à Amazônia. 

(Essa ligação vem de longa data... Neste post contamos um pouco da experiência de Wilson Lazaretti e Maurício Squarisi em 1991 - CLIQUE AQUI PARA LER)!

Quem fala da foto é o Mauricio Squarisi:

Eu, Larissa e Wal fomos trabalhar na Amazônia de 10 a 21 de maio de 2024.

Na foto estamos embarcando em uma voadeira no rio Yá-mirim, em São Gabriel da Cachoeira (850km de Manaus). Navegamos por quatro rios (Yá-mirim, Yá-Grande, Cauaburis e Maturacá) para chegarmos à comunidade yanomami Maturacá (nos disseram lá que o correto é yanonami).


Nosso objetivo: realizar oficina de animação em que os próprios indígenas criam roteiro, grafismo, animação e trilha sonora, portanto realizam um desenho animado AUTORAL/COLETIVO, como em todas as oficinas que realizamos pelo Núcleo de Cinema de Animação de Campinas. Trabalhamos com jovens de idade entre 20 a 30 anos, de ambos os sexos. 


Outro objetivo é que essas meninas e esses meninos dominem a técnica da animação e realizem seus próprios filmes. 


Retornamos com um excelente material para digitalizar e montar o filme final. E, claro com uma experiência impagável. Na comunidade, os indígenas filmaram seus desenhos com celular para perceberem os movimentos gráficos que criaram. Em breve "PRAI PRAI" estará pronto.”


E aqui, o relato do Wal:

“O local onde fica a comunidade de Maturacá/Yanonami, entre os estados do Amazonas, Roraima e o país Venezuela, é um dos múltiplos corações da Amazônia, que tem grande significado para a equipe do Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, que há quase cinquenta anos está no ar, na água e sob o céu deste país.

O mais importante em uma produção de qualquer forma de arte é o processo para produzi-la, e a vida nos ensinou a ver que somos, sim, desenhistas animadores, com mais dois adjetivos: independentes e livres, e também com um tempo diferente.  

A oficina foi apenas o princípio do processo de animação, ou seja, o de colocar um desenho após o outro e assim obter um desenho que se move. A introdução foi feita através de nosso grande aliado, o Zootroscópio. Em seguida passamos à mesa de luz, embora os participantes tenham desenhado também sobre bancos e mesas, porque entenderam que “um desenho após o outro” é a chave da animação. A mesa de filmagem para os celulares foi apenas um facilitador do processo.

O resultado da oficina é um exercício de animação. Acreditamos que prática de mais animação e exercícios com outros temas levarão à produção de uma animação autóctone, com características próprias da cultura Yanonami.”


Em tempo:

Em campo, estavam Wilson Lazaretti, Mauricio Squarisi e Larissa Ye’padiho Mota Duarte, estudante do Departamento de Artes Visuais/Instituto de Artes da Unicamp, pertence à etnia Tukano.

Mas há muitos outros nomes envolvidos, no estúdio, na logística da viagem... Os agradecimentos envolvem lideranças indígenas, entidades de apoio e outros profissionais, envolvidos na produção em estúdio, na logística da viagem… Uma oficina como esta é, de fato, um trabalho coletivo!

Esta iniciativa faz parte de um projeto maior denominado de HISTÓRIA DE TODOS OS POVOS e visa a introdução da técnica de desenho animado nas comunidades indígenas de todo o Brasil. A finalidade é de estimular a produção “in loco” de desenhos animados com características próprias de cada etnia. Para que esse objetivo se cumpra na prática, os equipamentos usados na oficina ficaram na comunidade de maturacá: zootroscópio, mesa de luz, mesa de suporte de animação, furador de papéis, réguas de animação, ferramentas para manutenção, montagem e desmontagem dos equipamentos e material para desenho.

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