terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Curtas de Animação: Núcleo segue para oficina em escola indígena na Aldeia Rio Silveira, em Bertioga



Começamos um novo ano com mais uma etapa do projeto cultural “Curtas de Animação”, que percorre escolas públicas com oficinas de animação. Entre 25 e 29 de janeiro, serão realizadas duas oficinas na Escola Municipal Indígena Nhembo ‘e’ á Porã, na Aldeia Rio Silveira, em Bertioga, litoral paulista.

Em atividade desde 1975, o Núcleo desenvolveu uma metodologia própria para realização de oficinas, em que os próprios alunos produzem coletivamente um curta-metragem de animação em todas as suas etapas, passando pelo desenvolvimento do roteiro, story-board, trilha sonora e toda a produção do filme, feito usando a técnica da animação em papel.

Realizado em parceria com a Direção Cultura, o projeto “Curtas de Animação” foi viabilizado pelo Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo. 

O contato com a cultura indígena também vem de longe, e tem se estreitado ainda mais nos últimos meses:

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

22 de janeiro: Dia Nacional da Animação




Em 22 de janeiro de 1917 foi exibido, pela primeira vez, o filme
"O Kaiser", feito por Seth, pseudônimo do cartunista Álvaro Marins. "O Kaiser" é considerado o primeiro filme brasileiro de animação da história. Por conta disso, de forma não oficial a data foi convencionada como Dia Nacional da Animação.

A data serve para recordar que a animação brasileira não nasceu da criação de grandes estúdios, e sim da vontade de pioneiros e entusiastas. 

Foi assim que surgiu o Núcleo de Cinema de Animação de Campinas. Os diretores Wilson Lazaretti e Maurício Squarisi se dedicam ao mundo da animação desde a década de 1970. Além das obras autorais de cada diretor, o Núcleo tem forte atuação no ensino, pesquisa e divulgação de técnicas de animação, através da realização de oficinas.

Entre obras autorais e produzidas em oficinas, já são mais de 300 filmes, o que situa o Núcleo de Animação de Campinas como um importante e dos mais atuantes polos de produção no segmento no país. 

Esse acervo pode ser conferido no catálogo de vídeos do Núcleo. Acesse para conhecer a lista de filmes produzidos ao longo destes anos!


segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A História de todos os povos: um grande projeto de produção de desenhos animados pelos Povos Indígenas do Brasil

 

Autor: Wilson Lazaretti

De 16 a 19 de dezembro de 2022, equipe do Núcleo realizou oficina na aldeia Bacaba, hoje São José, Escola Estadual Indígena Mãtyk,  no município de Tocantinópolis-TO, com crianças do povo apinajé.

Este projeto se realiza com a técnica de desenho animado e outras técnicas de animação, produzidas diretamente na comunidades indígenas de todo o Brasil. A atividade no Tocantins foi a segunda, num projeto de continuidade que começou com uma oficina realizada em São Gabriel da Cachoeira-AM, na Escola Irmã Ines, de 02 a 07 de setembro de 2022.

Desta vez, foram mais de 15 crianças participantes. A maioria não falava Português; só Apinajé. Esta é uma observação importante, porque mesmo assim a transferência da didática de animação não encontrou nenhum problema.

Tínhamos conosco o coordenador da Escola Indígena, o professor Cassiano, e o professor Vanderlei, que muito colaboraram para a comunicação com o grupo.

Inicialmente as crianças se apresentavam muito tímidas e por isso, em vez de falar, partimos para a demonstração de como animar um desenho, com a mesa de luz  e o aplicativo para a captura dos desenhos.

A arte da animação é uma coisa curiosa e acontece em qualquer cultura, pois no segundo dia de oficina as crianças perderam a timidez e avançaram organizadamente sobre as mesas de luz. Como acontece com qualquer ser humano, aberto o caminho para a expressão de seus sentimentos, a animação jorrou em quantidade; pareceu que tudo veio à compreensão da técnica, e é ai que nasce a verdadeira arte da animação.


A animação é uma técnica artística que envolve muitas questões, dentre elas, a equipe de produção. Desta vez contamos com a participação de Radostina Neykova (Bulgária), Fernando Galrito (Portugal), Maurício Squarisi, Henrique Galvão e Wilson Lazaretti na monitoria para animação. Na produção: Jhenissa Souza, Aline Campos, Janaína Rezende, Cleudimar Alves da Silva e Diogo Barcot Tintor. E também Eliana Ribeiro e João Pedro Felipe da Silva na pós-produção, e Anselmo Carvalho, músico trilhista para a inserção de sons e música.

     



A produção contou com o apoio logístico, institucional e estimável da Universidade Federal do Norte de Tocantins e com o apoio institucional de Universidade Estadual de Campinas. Contou também com o apoio do Festival de Animação de Lisboa/Monstra/Portugal e do Fundo de Cultura da Bulgária.


Este treinamento, neste momento, não visa necessariamente a produção de curta metragem de animação, mas sim a manipulação da técnica dos equipamentos para despertar o interesse dos participantes, sendo eles crianças, adolescentes e adultos para a arte da animação.


A arte da animação exerce seu poderio desde os tempos primordiais, quando ainda o homem registrava e celebrava suas conquistas no interior das cavernas, desenhando, não apenas estaticamente, mas também animadamente.

Este fascínio sobre a representação gráfica do movimento nos chega até hoje, através de algumas técnicas emprestadas de outras formas de artes, como o das artes visuais, cinema, teatro e outras completamente autóctones. E é o exercício delas que o presente projeto coloca em prática.

Compreender de forma gradativa essas técnicas é o que vai levar a produção de ideias mais longas, atendendo as necessidades específicas de expressão do Povos Originários.

As ferramentas que utilizamos para aplicar este conceito são: mesa de luz, mesa suporte de animação para filmagens e um aparelho celular com o aplicativo gratuito STOP MOTION STUDIO.

O Núcleo de Cinema de Animação de Campinas, doou uma mesa de luz, uma mesa suporte de câmera para cada projeto e um brinquedo óptico, o zootroscópio, que permanecem no local de produção.



A arte da animação se manifesta através de muitas técnicas: recortes, sombra chinesa, animação de objetos, animação com pessoas...

Nossa preferência é para o desenho animado, uma técnica com a qual os Povos Originários mais se identificam, pois representam uma tradição milenar, que vai desde a pintura corporal até a grafia em objetos de cerâmica, utensílios domésticos e instrumentos de caça e pesca. Na técnica do desenho animado os indígenas têm a oportunidade de expor a impressionante qualidade de seu grafismo próprio, o que para nós, é a mais importante manifestação da identidade gráfica.

Vale aqui uma menção, pois o processo se iniciou com um outra oficina de animação, desta vez com a técnica de bordados animados, ministrada por Radostina Neykova na Universidade Federal do Norte do Tocantins, em 16 de dezembro de 2022:



Para o treinamento em animação, além de um grupo de crianças, adolescentes e adultos interessados é recomendada a participação também de professores e lideranças indígenas para que outras produções continuem após a saída da equipe de produção do local.

 

Futuro:

Por enquanto todas as atividades são financiadas pelos próprios participantes. Por isso, toda colaboração para fortalecer o orçamento é bem-vinda. 

Contato: ncacampinas@terra.com.br (Wilson Lazaretti)